Entenda por que a duna de Jericoacoara está prestes a ser engolida pelo mar
Cartão-postal do Ceará pode estar com os dias contados devido à interferência humana no processo de formação da duna


Como um país de proporções continentais, o Brasil tem ao longo de seu território uma extensa lista de pontos turísticos. Dentre tantas opções, a duna na Vila de Jericoacoara, no Ceará, se destaca como um dos destinos mais aclamados pelos brasileiros — mas isso pode acabar em breve.
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Conhecida como Duna do Pôr do Sol (DPS), esse grande cartão-postal do Brasil, na verdade, já está sumindo. Conforme o mar avança, a água engole, aos poucos, o montante de areia. Em dado momento, o ponto turístico já chegou a atingir os 60 metros de altura, atraindo cerca de 600 mil visitantes por ano. Em 2021, a duna já se encontrava como mostra a imagem a seguir:
Até hoje chega turista desavisado, achando que ela ainda existe– Mario Jorge Nascimento, morador da Vila, ao O Globo
Hoje praticamente tomada pela água, a duna — que em 2019 já havia perdido metade de sua altura –, exercia um papel fundamental na natureza, e o impacto da falta do montante de areia, certamente, vai deixar rastros muito maiores do que a falta de turistas na Vila.
Mais que um cartão-postal: a natureza em ação
Um estudo do Labomar, da Universidade Federal do Ceará (UFC), mostra que, ao longo dos séculos, a duna de Jericoacoara impediu que o Atlântico avançasse sobre o continente. Esse processo, contudo, ou a contar com uma barreira, causada pela expansão urbana, que inviabiliza a chegada de novas dunas.
Na prática, a duna era bem mais do que um cartão-postal visado e instagramável, e estava ali, diariamente, exercendo o papel de repor os sedimentos de areia escavados pelas ondulações, impedindo, assim, que o mar avançasse, mantendo a faixa de areia.


Outro ponto turístico nas proximidades é a Pedra Furada, que surgiu com a separação dos continentes, há 600 milhões de anos. Assim como a duna, a Pedra também tem um papel fundamental na natureza, servindo de promontório que divide a praia.
Como se fosse ensaiado, a leste, na Praia do Preá, a areia se acumula e, então, é levada pelo vento, em direção ao oeste, onde fica a praia principal. Esse processo de mais de 3 km caminha em uma velocidade média próxima aos dez metros por ano — tempo que fez a DPS levar aproximadamente 300 anos até chegar ao tamanho das últimas décadas.
O “x” da questão
Com um processo tão demorado, especialistas afirmam que há ainda uma duna chegando para substituir a que já foi praticamente totalmente tomada pela água. O problema, conforme explicou o geólogo do Labomar, Alexandre Carvalho, ao O Globo, é que, depois dela, não há mais nenhuma em formação naquela rota.
Isso porque há, atualmente, uma barreira no caminho que o vento faz para levar a areia que forma a duna. Esse obstáculo foi causado, principalmente, pelos humanos, com a construção dos núcleos urbanos, que impedem a agem dos montes de areia.
A cidade virou barreira e provoca um dano a ela mesma. Teremos que ajudar o vento a formar dunas com a pouca areia restante– comentou o geógrafo Carvalho ao O Globo
Busca por soluções
Ainda de acordo com o geógrafo Alexandre Carvalho, “o Labomar fará um novo estudo para precisar até que ponto o mar pode avançar e formular soluções de contenção”. Para ele, o ideal seria viabilizar a abertura de corredores de vento, que favoreçam o transporte de sedimentos.
O prefeito de Jijoca de Jericoacara, Lindbergh Martins, por sua vez, afirmou ao O Globo que, além do projeto encomendado ao Labomar, foi firmada parceria com o governo do estado e a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) para ações emergenciais e obra de contenção.
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