Estudo revela “lado B” dos testes nucleares dos EUA nas Ilhas Marshall
Relatório inédito revela impactos em populações ao redor do mundo e cobra por justiça nuclear


Um novo estudo encomendado pelo Greenpeace Alemanha lança luz sobre os impactos silenciosos, persistentes e globais dos testes nucleares realizados pelos Estados Unidos (EUA) nas Ilhas Marshall, no Oceano Pacífico, entre 1946 e 1958.
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Divulgado em 27 de maio de 2025, o relatório do Instituto de Pesquisa Energética e Ambiental (IEER) revela que todos os 24 atóis — ilhas em formato de anel — do arquipélago sofreram contaminação radioativa; e não apenas os mais próximos aos epicentros dos testes.
O estudo aponta que apenas três atóis habitados aram por exames médicos específicos para detecção de câncer, embora dados oficiais mostrem que todo o país foi afetado por precipitação radioativa ao longo dos anos.


A bomba Castle Bravo, maior teste nuclear já realizado pelos EUA, deixou marcas profundas. Embora a capital Majuro tenha sido classificada como área de “exposição muito baixa”, registros apontam níveis de radiação até 300 vezes superiores à radiação de fundo natural.
O levantamento também identificou pontos críticos de radiação em locais distantes, como Sri Lanka e Cidade do México, indicando que a contaminação extrapolou fronteiras e se espalhou globalmente, afetando populações muito além do arquipélago.
A força explosiva total liberada nas Ilhas Marshall foi de 108 megatons — o equivalente a uma bomba de Hiroshima sendo detonada todos os dias por 20 anos. Estima-se que as explosões tenham causado até 100 mil mortes por câncer em excesso ao redor do mundo.
Mesmo diante de alertas internos, desde 1948, sobre a inadequação climática da região para testes atômicos, os Estados Unidos seguiram com o programa nuclear, ignorando riscos já identificados à saúde humana e ao meio ambiente local.
O relatório também denuncia falhas estruturais graves no Runit Dome, repositório de resíduos nucleares construído pelos EUA. Rachaduras na estrutura e a elevação do nível do mar ameaçam liberar material radioativo diretamente no oceano.
Para o Greenpeace, os testes refletem uma “política imperial desumana” que ignorou vidas humanas e culturas do Pacífico, como as dos povos de Rongelap e Bikini — deslocados e impedidos de retornar às suas terras e tradições.


Em março e abril, a organização completou uma missão a bordo do navio Rainbow Warrior, levando especialistas em radiação e outros cientistas para estudos nos atóis. O objetivo foi apoiar o governo das Ilhas Marshall na luta contínua por justiça nuclear e compensação — uma batalha que já dura mais de 70 anos.
Por fim, os autores do estudo reiteram a necessidade de que os EUA reconheçam a extensão total dos danos, ofereçam reparações proporcionais e assumam sua responsabilidade histórica. Segundo o relatório, os efeitos dos testes nucleares seguem vivos — e perigosos — até hoje.
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