Aberta a temporada: duas baleias-francas são avistadas em Santa Catarina
Primeiros avistamentos da espécie no litoral catarinense costumam aparecer no mês de junho e vão até novembro


Está aberta a temporada de avistamento de baleias-francas em Santa Catarina! Na última semana de maio, o litoral catarinense contou com, ao menos, duas aparições do mamífero: a primeira na terça-feira (27), na Praia do Rosa, em Imbituba, e a segunda dois dias depois, na Praia do Sol, em Laguna.
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No primeiro caso, os pesquisadores não conseguiram encontrar o cetáceo devido ao mau tempo, mas as imagens confirmaram a presença da baleia em águas catarinenses. Inclusive, horas depois, na Praia da Silveira, em Garopaba, populares filmaram a aparição de outra baleia-franca. Acredita-se, porém, que trata-se do mesmo animal.
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“Levando em consideração que é a primeira baleia registrada, a distância entre as duas enseadas e também o tempo entre a primeira e a segunda avistagem, provavelmente se trata do mesmo indivíduo, apesar que a gente não consegue confirmar”, disse Eduardo Renault, pesquisador e gerente do Projeto Franca Austral (ProFRANCA).
Já na quinta-feira (29), as águas da Praia do Sol formaram o palco para outra baleia-franca dar as caras em Santa Catarina e entrar nos registros do projeto — que atua no monitoramento e na pesquisa científica da espécie.
Karina Groch, diretora de pesquisa do ProFRANCA, ressalta a importância desses eventos para a conservação, a ciência e o turismo responsável.
É tempo de redobrar a atenção, principalmente com embarcações e drones, para garantir tranquilidade aos animais– destaca Karina Groch
Mais cedo que o previsto
As baleias-francas não viam a hora de ear em Santa Catarina — assim como no ano ado, elas apareceram em 2025 mais cedo do que o previsto. Geralmente, a temporada de avistamentos ocorre de julho a novembro, com picos entre agosto e setembro.


Como um dos principais berçários da espécie, o litoral catarinense é uma área crítica para sua conservação. A espécie é ameaçada de extinção, mas encontra nas águas tranquilas e quentes do Brasil um bom lugar para acasalar, dar à luz e cuidar dos filhotes.
Em setembro de 2024, os sobrevoos realizados entre Cideira (Rio Grande do Sul) e Florianópolis (Santa Catarina) registraram nada menos do que 216 baleias-francas, sendo 214 delas mães com filhotes e dois adultos solitários. Apenas em Imbituba, foram 46 avistagens entre as praias da Ribanceira e Ibiraquera.
Todos esses registros marcam o início do período em que a espécie migra das águas geladas da Antártica para a calmaria da costa brasileira.
Velhas conhecidas
Não é a primeira vez que as duas baleias são avistadas no litoral catarinense. De acordo com Karina Groch, ambas são fêmeas conhecidas do ProFRANCA. O espécime encontrado na Praia da Silveira foi catalogado em 2016 (B743); e o da Praia do Sol em 2021 (B871).
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Inclusive, qualquer pessoa pode contribuir com o projeto, por meio do aplicativo ProFRANCA, disponível gratuitamente para Android e iOS. Com a ferramenta, é possível acompanhar e registrar o avistamento de baleias, por meio de fotos e informações de localização em tempo real.
Posteriormente, as informações são integradas ao banco de dados do projeto e disponibilizadas ao público. Logo, os números adquiridos auxiliam a equipe técnica no monitoramento da espécie e ajudam a construir um panorama mais preciso sobre as aparições da espécie no Brasil.
Gigantes pela própria natureza
Segundo o ProFRANCA, essa espécie pode atingir mais de 17 metros de comprimento nas fêmeas e pouco menos nos machos. O corpo da baleia é preto, arredondado, sem aleta dorsal e com uma cabeça que ocupa quase 25% da sua estrutura. Além disso, o animal carrega coração que pesa mais de 500 kg e, no caso dos machos, testículos de uma tonelada.


A espécie não tem dentes, mas possui uma grande curvatura na boca, onde 250 pares de fios de queratina fazem a água escoar através das cerdas, deixando o alimento retido no interior da cavidade bucal. Por conta disso, as baleias-francas tem o costume de nadar lentamente e de boca aberta.
As fêmeas adultas, conforme registros de captura, podem chegar a pesar mais de 60 toneladas, enquanto os machos acima de 45 toneladas “não são incomuns”, segundo o ProFRANCA. Na superfície, a baleia solta um esguicho pelas narinas para expelir o ar quente e úmido dos pulmões — que pode atingir até 8 metros de altura.


Por fim, a espécie se alimenta principalmente de zooplânctons, krill e copépodes. Assim como outras baleias de barbatana, as francas também possuem uma estrutura para filtrar pequenos organismos da água, num comportamento que se assemelha a uma rede.
Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida
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