Mar de Niterói já teve trampolim de concreto que voou pelos ares
Construída nos anos 1930, estrutura em formato de pássaro era ponto de encontro dos 'corajosos' no Rio de Janeiro


Em concreto armado, a estrutura do trampolim de NIterói foi idealizada para ter o formato de um pássaro com asas abertas e possuía plataformas de saltos em três diferentes alturas, além de tobogãs voltados para o lado da areia. Durante 28 anos (entre 1937 e 1965), divertiu muitos banhistas.
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Além disso, tornou-se referência para os moradores da cidade e um ponto de encontro de várias gerações. Então, vieram os homens da Marinha com as dinamites. A prefeitura mandou derrubar.


Com cinco cargas de dinamite, detonadas em duas horas, técnicos em explosivos da Marinha do Brasil derrubaram o velho trampolim de 12 metros de altura, na Praia de Icaraí, em Niterói, no dia 18 de maio de 1965. A curiosa estrutura foi pelos ares por oferecer perigo aos banhistas, comprometida que estava por fortes ressacas.
O episódio foi lembrado no Facebook por um ilustre niteroiense: o engenheiro florestal Axel Grael, primo de Torben e de Lars Grael e filho do saudoso Axel Schmidt, outra lenda da vela brasileira.


Segundo ele, que na época em que o trampolim foi demolido tinha 7 anos de idade, a velha estrutura — que atingia mais de 20 metros de altura, somada a parte submersa — atraia banhistas de toda a região e teria sido construída em 1936, pela prefeitura de Niterói.
Na verdade, o projeto só ganhou forma um ano depois. Mas, isso é uma velha história. O grande sonho dos sócios do Icarahy Praia Clube era a construção de um trampolim dentro do mar. Havia tempo que eles tentavam construí-lo, porém a prefeitura de Niterói nem chegava a discutir o assunto.
Até que o prefeito Francisco Brandão Júnior, que tomou posse em 4 de dezembro de 1935, decidiu ouvir a proposta dos sócios do Icaraí, na qual a prefeitura não gastaria um tostão sequer com a obra, que seria bancada pelos moradores do bairro.


Assim, dois anos mais tarde, o trampolim — projetado pelo arquiteto italiano Luiz Fossati — estava pronto. Ficava na altura da Rua Lopes Trovão, a cerca de 30 metros da areia, e foi um dos cartões-postais de Niterói. No entanto, nem sempre pôde ser usado com tranquilidade pelos banhistas, pois o tempo destruiu o concreto armado, expondo pontas de ferros.
Além disso, durante aquela que os jornais classificaram como a maior ressaca da história da cidade, em 1963, a violência das ondas cavou a areia por baixo do trampolim, inclinando-o para um lado em 10 graus. Ficou parecendo a Torre de Pisa.
O que deixou o trampolim vulnerável foi o fato de ele ter sido construído fora — em Ponta d’Areia, 90 m³ de pedras foram colocados dentro de um tanque de seis metros quadrados e 5 m de altura — e depois levado para o mar. Apenas as plataformas de mergulho foram construídas no local. Ou seja, não teve fundação escavada, o que acabou sendo um erro fatal.
Quando o trabalho estava terminando, muitas críticas foram feitas ao encarregado de obras, que se recusou a reforçar a base do trampolim. Mas o engenheiro argumentou que o aumento da estrutura poderia provocar mortes de banhistas, caso mergulhassem muito próximos da base.
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