Apenas 0,001% do oceano profundo foi estudado, aponta pesquisa internacional
Estudo também indica "tendência problemática" nas pesquisas e alerta para impactos nos dados coletados


Embora 70% do planeta seja água, a maior parte dela ainda não foi estudada — ou sequer vista — pelo ser humano e segue envolta em mistério. Uma nova pesquisa analisou os mergulhos em águas profundas já realizados e concluiu que apenas 0,001% do oceano profundo já foi estudado — uma fração surpreendentemente pequena.
Cientistas encontram lixo marinho no local mais profundo do mar Mediterrâneo
1ª expedição no mar profundo do litoral brasileiro será ainda em 2025
Inscreva-se no Canal Náutica no YouTube
Para se ter uma ideia, se essa área já investigada estivesse em terra firme, corresponderia a apenas 1.489 km², uma região menor do que a cidade de Houston, no Texas. O restante permanece praticamente inexplorado, fora do alcance das câmeras e sensores que desvendam os segredos das profundezas.


Além da escassez de dados, o estudo publicado na revista científica Science Advances identificou outro problema, definido como uma “tendência problemática”: a concentração geográfica das pesquisas.
De aproximadamente 44 mil mergulhos científicos registrados em águas profundas, 97% foram realizados por apenas cinco países: Estados Unidos, Japão, Nova Zelândia, França e Alemanha. Isso influencia diretamente as regiões do oceano mais bem documentadas, enquanto outras seguem invisíveis.


A preferência por investigar as Zonas Econômicas Exclusivas (ZEEs) — áreas do mar sob controle de um país — se intensificou a partir da década de 1980 e mudou radicalmente o foco da ciência.
A pesquisa aponta que na década de 1960, 51,2% dos mergulhos aconteciam em alto-mar; já nos anos 2010, essa fatia caiu para apenas 14,9%. O resultado são dados que, embora valiosos, não refletem com precisão a complexidade do oceano profundo a nível global.


Os autores do estudo alertam que, para que a ciência tenha uma visão mais realista e abrangente do fundo do mar, é necessário — e urgente — repensar a forma como as explorações são conduzidas.
O artigo ainda estima que mesmo que mil plataformas tecnológicas estivessem em operação constante, cobrindo 3 km² por ano, levaríamos mais de 100 mil anos para mapear todo o oceano profundo.
Ainda assim, há esperança. Os cientistas apostam que a evolução tecnológica com ferramentas mais leves, íveis, autônomas e fáceis de operar vai democratizar o o ao fundo do mar.
A expectativa é de que isso leve a uma distribuição mais equitativa dos esforços de pesquisa e a uma coleta de dados mais representativa do que realmente existe nas profundezas do planeta.
Náutica Responde
Faça uma pergunta para a Náutica
Tags
Relacionadas
Competição foi realizada em Çeşme, na Turquia, e contou com quatro atletas brasileiros
Conceito do The Real Beach pretende que os hóspedes sintam a sensação de estar na costa, só que a bordo
Através de sonar, pescador avistou barco do século 19 no Lago Michigan. Local agora deve ser protegido por leis estaduais e federais
Medida atualiza critérios para o controle ambiental de construções de apoio náutico; Bianca Colepicolo analisa a mudança
Registro aconteceu no último dia 27 próximo à costa