Homem que sobreviveu a naufrágio em 1871 embarcou no Titanic 40 anos depois do trauma
Uruguaio Ramon Artagaveytia apostou nas tecnologias avançadas da icônica embarcação para superar o medo de navegar


As histórias de destino não costumam ser trágicas. Na verdade, elas geralmente vem acompanhadas de finais felizes, principalmente no âmbito romântico. Não foi o que aconteceu com o uruguaio Ramon Artagaveytia que, como em uma ironia do destino, vivenciou o mesmo trauma duas vezes — na segunda, de forma fatal.
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Sua história daria um filme, daqueles bem dramáticos, em que os acontecimentos são revelados através de cartas perdidas no tempo.
Nesta trama, o uruguaio, figura principal do enredo, ganha um trauma que parecia ser eterno, quando o navio em que ele navegava naufraga, resultando na morte de mais de 100 pessoas — incluindo seus amigos.


Cerca de 40 anos depois, quando o trauma parecia superado, ele resolve enfrentar seus medos e navegar mais uma vez. A embarcação que protagoniza essa retomada foi escolhida a dedo por ele mesmo, que levou em conta suas avançadas tecnologias de segurança para se manter a salvo caso algo acontecesse. Tratava-se, contudo, do Titanic.
O caso viralizou nas redes sociais recentemente através de um vídeo sobre a história do uruguaio. Confira:
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Ramon Artagaveytia e as ironias do destino
Ramon Artagaveytia nasceu em Montevidéu, na capital do Uruguai, em 1840. Durante muitos anos ele atuou como gerente da fazenda de sua família, localizada na Argentina. No mais, vivia um estilo de vida “pacífico”.
Artagaveytia já tinha 31 anos quando ou por um grande trauma nas águas. Era véspera do Natal de 1871 quando o barco em que ele estava, o navio a vapor America, naufragou.
O acidente aconteceu em meio a uma corrida contra outro navio no porto de Montevidéu. Acredita-se que o excesso de pressão nas caldeiras resultou em um incêndio fatal, que afundou rapidamente a embarcação. Dos 164 ageiros, apenas 65 sobreviveram, sendo que muitos ficaram gravemente feridos.


O uruguaio se safou pulando na água antes de ser atingido pelas chamas. Em seguida, foi resgatado. O acontecimento, porém, lhe deixou cicatrizes emocionais bastante profundas, principalmente por perder tantos colegas.
Em cartas adas pelo Oceanliner Designs & Illustration, o homem relatou que os pesadelos com o acidente o atormentavam constantemente. “Mesmo nas viagens mais tranquilas, acordo no meio da noite com pesadelos terríveis e sempre ouvindo a mesma palavra fatídica: Fogo! Fogo! Fogo”, escreveu ele.


Foi somente em 1912, 41 anos depois do naufrágio do América, que Artagaveytia decidiu enfrentar seus medos novamente e viajar, de navio, para visitar a família. O barco escolhido? O Titanic.
“Quando o América afundou, bem em frente a Montevidéu, ninguém respondeu às luzes pedindo ajuda. Os que nos viram do navio Villa del Salto, não responderam aos nossos sinais luminosos. Agora, com um telefone a bordo, isso não acontecerá novamente. Podemos nos comunicar instantaneamente com o mundo inteiro”, registrou o uruguaio, em uma carta, sobre a segurança da embarcação.


Quando rumores de problemas no Titanic começaram a se espalhar, Artagaveytia e seus colegas foram vistos no convés próximos aos barcos de emergência por Elmer Taylor, ageiro da primeira classe. Taylor descreveu, também em carta, que o uruguaio e um companheiro aparentavam estar “mais mortos do que vivos” na ocasião.
Uma semana depois do naufrágio, o corpo de Ramon Artagaveytia foi recuperado pelo navio Mackay-Bennett e levado a Montevidéu para o sepultamento.
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