Teste Schaefer 770: uma lancha moderna que combina conforto, beleza e desempenho


Com dois grandes lançamentos em 2019, a Schaefer Yachts está atualizando em ritmo rápido seu portfólio de mais de uma dúzia de modelos, de 26 a 83 pés. São barcos cada vez melhores em tecnologia, estilo, conforto, segurança, design e navegabilidade. A Schaefer 770, que foi para a água em novembro, é a mais recente integrante da frota, e uma das joias da coroa.
Com 23,56 metros de comprimento (pouco mais de 77 pés), é uma lancha para quem procura inovação e modernidade. Seu grande diferencial são as duas plataformas laterais simétricas que se abrem para ampliar generosamente as áreas de convivência sobre o mar. Mas suas armas de sedução vão muito além dessas varandas — que, aliás, dão a sensação de que o barco é maior ainda do que é.
Como ela é
Projetada pelo próprio comandante do estaleiro, Marcio Schaefer, a Schaefer 770 é um quase iate de casco bonito e elegante com 23,56 metros de comprimento total (77,3 pés). Tem nada menos que quatro suítes, sendo que a principal, a máster, é quase um apartamento inteiro e ocupa sozinha o segundo convés inferior da lancha. As outras três suítes ficam um nível acima. Uma delas tem duas camas de solteiro, que podem ser unidas e formar uma cama de casal. A suíte vip, com anteparas de madeira, fica na proa. No corredor de o há uma adega, um armário com prateleiras bem grandes e (em um nicho escondido) uma máquina de lavar e secar roupas.
Com 1,98 m de altura, a suíte máster tem uma cama de 2,00 m x 1,78 m, armários, penteadeira, sofá e tv, além de caixas de som espalhadas por todo o ambiente. O acabamento é excelente. Não por acaso, o barco recebeu certificação para ser vendido no mercado norte-americano. Porém, notamos a escolha do estaleiro pelo uso de policarbonato nas janelas da suíte máster, e não gostamos, porque esse material risca com muita facilidade. No banheiro, há uma pia com duas cubas; box com um chuveiro gigantesco, do tipo a; duas janelas e uma vigia para ventilação. A persiana é do tipo blackout. Quando aberta, oferece iluminação natural com privacidade — quem está do lado de fora não vê dentro.
O salão, com piso de madeira clara, divide-se em três ambientes: cozinha, sala de jantar e outra de estar, que, integrados à praça de popa, somam cerca de 50 metros quadrados, sem nenhum degrau atrapalhando a circulação. Tudo muito bem iluminado e ventilado por grandes janelas e decorado com cores neutras e claras, que dão a sensação de espaço e fluidez. Por sua vez, a iluminação artificial está muito bem balanceada, com spots de luz amarela com veios de iluminação indireta branca. A altura do teto em toda a extensão dessa área, desde a praça de popa até a parte logo atrás do posto de comando, é de 2,04 m.
A sala de estar fica próxima ao comando e tem dois sofás grandes (um deles em “U”, a bombordo), uma mesa de centro e, mais à frente, um terceiro sofá — este, reservado a quem pretende fazer companhia ao piloto. A cozinha americana (a ré e a bombordo do salão) tem pia, bancada, fogão, geladeira vertical e freezer grandes. É perfeita para quem gosta de cozinhar, mas, ao mesmo tempo, quer ficar perto dos convidados. A bancada vira mesa para os drinques e petiscos, mas também serve para separar os ambientes.
Além das grandes janelas, há duas portas de vidro espelhado que, com o barco parado, dão o direto às varandas (as tais aberturas laterais, com quase 7 metros de extensão cada, o grande diferencial do barco) que se abrem no costado, por acionamento eletro-hidráulico. Uma delas (do lado da cozinha) se torna um bar. Nada se compara ao prazer de assistir a um pôr do sol, ou apenas contemplar o mar, acomodado nesses terraços.
Grande e adequado a uma lancha de 77 pés, o flybridge agrada em cheio. Está montado com sofá em “J” para seis pessoas, uma mesa dobrável para refeições ou aperitivos, bar independente, grelha, armários, geladeira e uma grande área de relaxamento, com duas espreguiçadeiras e uma hidromassagem! No comando, o tem duas telas multi-touch de 12 polegadas. O volante é escamoteável e as manobras podem ser feitas por joystick. Porém, o comando de flapes não dispõe de um medidor apontando seu exato posicionamento quando acionado.
Em todo o barco, nota-se que o projetista deu atenção aos detalhes operacionais. Na proa, os cabos de amarração são cobertos por adores, que protegem o gelcoat; por sua vez, os cunhos foram reforçados, assim como a trava do paiol de âncora. O espaço aqui também é bem aproveitado. Junto ao solário, dimensionado para três pessoas, com encosto rebatível, o projetista instalou um sistema de iluminação de led de acionamento local, que deixa o ambiente bem agradável. Com o barco parado, pode-se também instalar uma tenda (item opcional). Já a praça de popa tem um grande sofá e uma mesa para oito pessoas. Um detalhe aqui e que não poderia faltar: o terceiro comando, para manobras, bastante útil na atracação.
Por sua vez, a plataforma de popa tem 4,28 metros de largura por 2,00 m de comprimento e submerge 30 cm abaixo da linha d’água. As pessoas que voltam do mergulho dispõem de uma escada com armação automática, do tipo robô. Atrás de uma porta que abre e fecha por acionamento eletro-hidráulico, há uma grande área de armazenagem, e que recebe ainda um bote e um jet.
Em relação aos motores, a Schaefer 770 se destaca por estar equipada com três IPS 1050, de 800 hp cada, estes, os primeiros da linha com blocos de 12.8 litros, o que garante torque e força mesmo em baixas rotações. Isso mesmo, um trio de motores Volvo Penta com propulsão IPS, que tem as rabetas fixadas no fundo do casco e os hélices contrarrotantes voltados para a frente.
A casa de máquinas é contigua à cabine dos marinheiros (que tem duas camas em beliche, banheiro e uma pequena cozinha independente), com o por meio de uma escada estanque sob o piso da praça de popa. Espaçosa, oferece fácil o aos três motores e a todos os equipamentos: leia-se dois geradores (um auxiliar, de 13.5 KvA, e o principal, de 21.5 KvA), aparelho de ar-condicionado, dessalinizador e bancos de baterias — estes, distribuídos pelos dois bordos.
No posto de comando principal, no salão, o banco de pilotagem duplo oferece muitas opções de ajuste, com regulagem de altura, encosto e distância. O controle dos flapes está à mão. O problema, aqui, é o mesmo do comando externo, no flybridge: sentimos falta de um indicador de posição dos flapes. Há duas grandes telas de 15 polegadas de eletrônicos multifuncionais sensíveis ao toque (multi-touch) e bastante espaço para instrumentos de navegação. A lista de itens de conforto inclui piloto automático, áudio bluetooth, saídas de energia usb, bússola, radar, porta-copos e bancos de couro. Todo o comando é integrado, inclusive com auxílio de câmeras, e a visibilidade é quase total, graças à grande área envidraçada. Ao joystick, que já não a de um instrumento prosaico nas embarcações mais modernas, são reservadas as manobras de baixa velocidade, especialmente as de atracação.
Como navega
Luxo, conforto e beleza a gente sabe que a lancha tem. Mas, como a Schaefer 770 navega? Para avaliar o desempenho, embarcamos nas águas abrigadas do Canal de Bertioga, no Guarujá, e depois saímos para o mar, pelo lado de fora do Guarujá, em um dia com ondas de um metro com período curto e regular e ventos de 8 nós. A bordo estavam 9 pessoas, aproximadamente 95% da capacidade de combustível, 55% de água e, importante citar, tanque de águas cinzas com 45% de sua capacidade tomada, gerando mais peso a bordo.
A motorização — três Volvo Penta IPS 1050, de 800 hp cada, diesel D13, de 12.8 litros, 6 cilindros em linha, common-rail com um turbo de entrada dupla e um turbocompressor — entregou torque e força em baixa rotação, entre 1 700 e 2 000 rpm. Sem ser nervosa, a lancha respondeu rápido na aceleração, conseguindo alcançar a velocidade de cruzeiro (que ficou entre 22,4 e 26,5 nós) com bastante estabilidade. Além disso, fez curvas de forma extremamente firme, cruzando as ondas, mesmo curtas, sem solavancos, com primor. Sente-se pouquíssima vibração durante a navegação, mesmo nas curvas. O raio de giro não é muito curto, mas adequado. O barco perdeu pouco mais de 2 nós nas curvas mais fechadas, o que é totalmente normal, contudo as retomadas de velocidade foram bem rápidas.
Além da ausência de vibração, outro benefício do sistema IPS, da Volvo, em relação à propulsão convencional, foi o baixo nível de ruído a bordo. A lancha fica bastante silenciosa e, no flybridge, mal se percebe que está ligada. Na proa, o barco levanta aproximadamente 5 graus, que é a média de embarcações desse porte. Regulada pelos flapes, volta um pouco e mantém ótimo alinhamento de linha d’água (que neste caso é de exatos 60,5 pés), oferecendo uma excelente visibilidade da proa, mesmo a partir do comando interno.
O casco se mostrou extremamente sensível à regulagem pelos flapes. Mesmo com a lancha muito carregada (repita-se: tanques de diesel cheios, 55% de água potável, 45% de águas cinzas e 9 pessoas a bordo), atingiu 30 nós de velocidade máxima, constante e regular, sendo que, após ajuste fino dos flapes, bateu a marca dos 32,3 nós. Outra demonstração de força e “fôlego” dos motores foi a boa aceleração: a lancha precisou de 13,8 segundos para ir da marcha lenta aos 20 nós — desempenho capaz de fazer brotar um sorriso no rosto do piloto.
Quanto ao consumo, na velocidade econômica de cruzeiro (22,4 nós), o trio de IPS 1050 apresentou uma demanda na faixa dos 312 litros por hora, que é um pouco puxada, mesmo com a tecnologia IPS de propulsão. A autonomia (baseada em 90% da capacidade do tanque, que no caso da Schaefer 770 é de 3 800 litros) foi de 246 milhas (a 2 000 rpm).
Em resumo, a Schaefer 770 é um barco confortável e extremamente macio, que responde rápido às manobras. O projeto entrega tudo o que imaginávamos que poderia entregar.

Características técnicas
Comprimento total: 23,5 metros
Comprimento do casco: 18,44 metros
Boca: 5,91 metros
Calado com propulsão: 1,58 metro
Borda-livre na proa: 2,53 m
Borda-livre na popa: 2,50 m
Altura da cabine na entrada: 2,04 m
Ângulo do V na popa: 14 graus
Combustível: 3 800 litros
Água: 1 100 litros
Capacidade dia: 20 pessoas
Capacidade pernoite: 8 ageiros + 2 tripulantes
Peso com motor: 48 700 kg
Potência sugerida: 3 x Volvo IPS 950 (725 hp) a Volvo IPS 1050 (800 hp)
Quanto custa
A Schaefer 770 é oferecida a partir de R$ 17,6 milhões (com três motores de 800 hp cada). Preços pesquisados em fevereiro/2020.

Quem faz
A Schaefer Yachts, de Santa Catarina, é um dos maiores estaleiros brasileiros, com o início das atividades em 1992. Em quase três décadas de atividade, ou a marca de 3 500 lanchas laminadas, com 14 modelos na atual linha de produção, de 26 a 83 pés. Para saber mais, ligue para tel. 48/2106-7451 ou e www.schaeferyachts.com.br.
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