Titanic brasileiro


Era sábado de carnaval. Para descontrair os ageiros naquela longa travessia, que já durava 17 dias, um baile a bordo foi organizado. A festa se estendeu até as primeiras horas da madrugada de domingo, 5 de março de 1916, quando, então, todos se recolheram aos seus camarotes, animados com a iminente chegada ao porto de Santos, prevista para as primeiras horas da manhã seguinte. Mas o transatlântico espanhol Príncipe de Astúrias jamais chegou lá. Um par de horas após o fim do baile, a viagem daqueles infelizes ocupantes do navio (cujo número exato jamais foi sabido, pois é certo que havia imigrantes clandestinos a bordo), acabou abruptamente numa laje submersa da ponta da Pirabura, na parte de fora de Ilhabela, no litoral de São Paulo.
A pedra rasgou o casco feito uma faca afiada, e o grande vapor, então orgulho da Espanha, foi para o fundo em pouco mais de cinco minutos, apesar dos seus 151 metros de comprimento. Oficialmente, morreram (afogados ou arremessados pelas ondas de encontro às pedras da costeira da ilha), 443 dos 588 ageiros e tripulantes que havia a bordo. Mas é certo que foram mais, talvez bem mais, por conta dos clandestinos não contabilizados pela empresa dona do navio. Foi a maior tragédia nas águas do Brasil em todos os tempos. Uma espécie de Titanic brasileiro, que, neste mês de março, completa exatos 100 anos. Ainda envolta em dúvidas não explicadas.
Foto: Reprodução
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