Tubarão mais velho do mundo pode ajudar a aumentar a longevidade humana
Tubarão-da-Groenlândia pode alcançar até 400 anos de vida e nada extremamente devagar; confira


Nas águas do Oceano Ártico e Atlântico Norte, existe um animal capaz de atingir até quatro séculos de vida. Ao estudarem os segredos de tamanha longevidade, pesquisadores esperam obter evidências que ajudem os humanos a também viverem algumas primaveras a mais. Estamos falando do tubarão-da-Groenlândia (Somniosus microcephalus), o mais velho do planeta!
Raríssimas imagens flagram baleias amamentando filhote; assista
Pinguim aparece em praia no Cabo Frio (RJ), surpreende banhistas e levanta dúvida: é normal
Inscreva-se no Canal Náutica no YouTube
Para se ter noção, é possível que um tubarão-da-Groenlândia contemporâneo de Tiradentes (1746-1792) esteja vivo e nadando até hoje. Ele teria ado pela Independência do Brasil, duas guerras mundiais, revolução industrial e outros acontecimentos históricos.


Porém, o motivo do tubarão mais velho do mundo ter tamanha longevidade ainda é um mistério. Algumas teorias — que ainda estão em andamento — sugerem que a lenta taxa de crescimento do animal, junto de sua baixa taxa metabólica, interfiram neste envelhecimento que acontece extremamente devagar.
Descobrir o motivo desse fenômeno não seria meramente curiosidade. Afinal, os cientistas esperam que, ao desvendar o mistério do tubarão-da-Groenlândia, a resposta para aumentar a longevidade da vida humana esteja mais perto — embora bem longe dos 400 anos.
Devagar e sempre
Para tentar compreender como funciona as fases da vida deste tubarão, é necessário evitar os comparativos com os ciclos humanos — já que são muito diferentes. Por exemplo: os animais da espécie atingem a maturidade sexual aos 150 anos de vida, quando atingem os quatro metros de comprimento.


Considerados nadadores calmos e tranquilos, os tubarões-da-Groenlândia podem atingir entre 2,5 e 7 metros de comprimento e pesar quase duas toneladas, de acordo com o National Geographic. A espécie ainda pode ar longos períodos entre suas refeições, que vão desde salmões e enguias à focas e baleias-beluga.
Segundo nova pesquisa do cientista Ewan Camplisson, apresentada na Conferência Anual de Sociedade de Biologia Experimental (SEB), a taxa metabólica do tubarão mais velho do mundo pode não diminuir enquanto ele envelhece — o que influencia tanto sua lentidão ao nadar, quanto sua longevidade.
Inclusive, velocidade não é o ponto forte desse animal. Considerado um dos tubarões mais lentos do mundo, a espécie alcança “incríveis” 0,3 metro por segundo — ou 1,08 km/h, segundo o Observatório de Tubarões de St. Lawrence (ORS). No entanto, essa letargia não o coloca como o mais lento do planeta, de acordo com o grupo.
Como não dá para ter tudo na vida, segundo Camplisson, a lentidão e a velhice podem prejudicar a adaptação do animal frente às mudanças climáticas e outros fatores estressantes. Inclusive, essa espécie pode estar se recuperando até hoje do período de pesca excessiva após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Tanto é que a espécie é considerada como “decrescente”, de acordo com a lista vermelha de espécies ameaçadas da International Union for Conservation of Nature — IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza, em português).
Na contramão da maioria
O fato de a taxa metabólica do tubarão mais velho do mundo não diminuir é anormal para a maioria dos animais — inclusive os humanos. Nosso metabolismo tende a ficar mais lento ao ar do tempo e alguns órgãos cruciais podem funcionar pior, acarretando nas chamadas doenças crônicas (pressão alta, bronquite, asma e etc).


No estudo, o cientista analisou a atividade de cinco enzimas metabólicas no tecido muscular preservado deste tubarão. Clampisson disse que, na maioria das espécies, se espera que as atividades dessas enzimas variassem conforme o animal envelhecesse — mas não foi o caso.
Nos tubarões observados — estimados entre 60 e 200 anos de idade –, não foram encontradas variações significativas na atividade das enzimas. Porém, um tubarão-da-Groenlândia pode estar na meia-idade com dois séculos de vida, e o cenário pode mudar caso investiguem um tubarão ainda mais velho.
Podemos chegar nessa longevidade?
A resposta é não. Como dito anteriormente, nem nosso corpo, tampouco o metabolismo pode ser comparado com o deste animal. Mas compreender melhor a anatomia deste tubarão pode “nos permitir melhorar a saúde humana”, conforme avalia Camplisson.


Descobrir como funciona o metabolismo do tubarão mais velho do mundo pode tanto transformar nossa compreensão do envelhecimento, quanto abrir novos caminhos para terapias regenerativas e estimular novas tecnologias médicas. Além disso, poderia trazer uma melhoria na qualidade de vida humana.
Sem contar que a habilidade dos tubarões-da-Groenlândia de evitar doenças relacionadas ao envelhecimento também pode agregar caso isso seja levado para a saúde humana. Porém, vale salientar que tudo está em estágio inicial, restando muitas etapas até chegar na realidade hoje utópica.
O envelhecimento é um sistema incrivelmente complexo, e ainda não temos uma resposta definitiva sobre como ele funciona exatamente– Ewan Camplisson
Embora o cientista sugira que os tubarões têm mais a nos ensinar no envelhecimento, a longevidade humana não depende apenas do metabolismo. Situações como instabilidade de proteínas, erros genéticos e outros processos — como a classe social que o indivíduo pertence — também influenciam.
Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida
Náutica Responde
Faça uma pergunta para a Náutica
Tags
Relacionadas
Maior regata da América Latina parte de Recife e vai até Fernando de Noronha
Com cinco voltas ao mundo no currículo, navegador de 82 anos revela próximos destinos da expedição
Embarcação transmitirá dados em tempo real via satélite na área da Usina Belo Monte, considerada de difícil o
Embarcação da CRN Yachts, parte do Ferretti Group, alia luxo à eficiência energética e sustentabilidade
Caso aconteceu na última quinta-feira (22) e é investigado pela polícia. Ninguém ficou ferido