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Na corrida pela produção de embarcações cada vez mais “limpas”, ou seja, que não emitam monóxido de carbono, um dos gases responsáveis pelo aquecimento global, os britânicos estão chamando atenção do mundo ao restaurar uma embarcação clássica de madeira e equipá-la com um motor elétrico. O barco é Zebu, veleiro com 82 anos de mar que se destacou nos anos 1980 durante a Operação Raleigh, que levava jovens para cantos distantes do planeta.
Quem conta essa história é a hoje médica Sally Anderson, que participou daquela aventura e, 30 anos depois, ajudou a resgatar o velho veleiro histórico que não saiu de sua memória.
Com vinte e poucos anos, recém-formada em Medicina, a britânica Sally Anderson leu uma reportagem (publicada no jornal The Yorkshire) que mudaria sua vida. A matéria falava da Operação Raleigh, que incentivava jovens a embarcar em navios ao redor do mundo para desenvolver habilidades de liderança e aumentar a autoconfiança por meio de uma combinação de aventura e serviço comunitário.
E lá se foi ela para uma missão de três meses a bordo do Zebu, embarcação histórica de madeira construída na Suécia, em 1938, como navio comercial — usado para o transporte de cargas como madeira, papel e minério de ferro ao redor do Mar Báltico —, e depois transformado em veleiro de expedição do tipo bergantim, com dois mastros e velas latinas.
A primeira atividade da jovem tripulação foi a escavação dos destroços de um navio chamado Zanoni, que havia sido usado na rota comercial da Índia Oriental e afundado perto da costa de Adelaide, na Austrália, em 1867.
Antes de retornar ao Reino Unido, Sally participou de outra missão da Operação Raleigh, desta vez trabalhando como médica em uma viagem à América Central. Uma experiência inesquecível, segundo ela.
Em 2015, 30 anos depois da Operação Raleigh, seu interesse pelo Zebu foi reacendido por uma extraordinária coincidência: em uma viagem a Liverpool, ela encontrou o Zebu parcialmente afundado no cais de Albert Dock. “Foi uma sensação horrível. Fiquei absolutamente inconsolável. Senti como se fosse o meu navio”, conta Sally, que, claro, tomou para si a missão de resgatar o veleiro histórico.
Seis semanas depois, o Zebu saiu da água, não pelas mãos de Sally, mas do casal de ambientalistas Gerrith e Suzi Borrett, que em 2017 fundou a organização sem fins lucrativos Tall Ship ZEBU Community Interest Company — destinada a levantar recursos — e em outubro de 2017 garantiu um subsídio de £ 99.500 do Heritage Lottery Fund para o trabalho de restauração, com o objetivo de transformar a embarcação em um museu flutuante, que viajará ao redor da costa britânica.
Em 2018, comemorando 80 anos de vida, o Zebu ou por seu primeiro teste de mar. Sally, claro, estava a bordo, junto com outros convidados de uma festa especial.
Agora, em 2010, com um investimento adicional do Heritage Lottery Fund (a loteria do Reino Unido), o veleiro está prestes a voltar à ativa, com uma irável novidade: será 100% movido por energia renovável. Sim, o Zebu será a primeira embarcação histórica equipada com motor elétrico, além de seus 395 m² de velas.
O motor é um fluxo axial DC de 200Kw e bateria de íon de lítio 96 Ah (Ampere-hora). O torque máximo é de 790 Nm (Newton metro) a 3.250 RPM, mas a expectativa é que ele normalmente funcione a 100kW de potência contínua e 400 Nm.
É claro que hoje já existem muitos veleiros equipados com motores limpos e renováveis, mas nenhum clássico, como o belo e icônico Zebu.
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