Pesquisadores do Pará estudam peixe anfíbio que coloca ovos fora d’água
Estudo avaliou hábito reprodutivo do peixe que realiza saltos de desova no Rio Taiassuí


Nem todo peixe põe ovos na água. Um exemplo curioso é o tetra splash (Copella arnoldi), que vive como um peixe comum nos rios da Amazônia, mas escolhe a terra firme para se reproduzir. Um estudo da Universidade Federal do Pará (UFPA), publicado no fim do mês de abrilna revista científica Neotropical Ichthyology, revela detalhes sobre o hábito reprodutivo dessa espécie.
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A pesquisa destaca que a desova fora d’água é extremamente rara entre os peixes, já que exige que adultos e ovos resistam, temporariamente, ao ambiente seco. Mas a natureza parece ter encontrado um jeito de fazer isso funcionar.
No caso do tetra splash, a reprodução acontece em grupo, com os casais realizando saltos sincronizados para depositar cerca de 50 ovas em superfícies cobertas por folhas, levemente acima da linha d’água. Depois da desova, o macho assume o cuidado dos ovos: ele espirra água com a nadadeira a cada minuto, por até três dias, para mantê-los úmidos até a eclosão.


Um peixe cheio de surpresas
Os pesquisadores analisaram 171 exemplares da espécie no Rio Taiassuí, no Pará, e descobriram dados inéditos. Um deles é que o peixe atinge a maturidade reprodutiva quando alcança 18 milímetros, embora só seja considerado plenamente maduro aos 21 milímetros.


Outro ponto observado é que a desova costuma ocorrer entre dezembro e abril, período mais chuvoso da região Norte. Segundo o estudo, os machos são sensíveis a estímulos ambientais e fisiológicos associados à chuva, funcionando como termômetros naturais que indicam a época ideal para a reprodução.
Esse comportamento, no entanto, também torna a espécie vulnerável. Com as mudanças climáticas alterando o regime de chuvas e secas, a janela para a reprodução pode diminuir — e colocar em risco o futuro do tetra splash.
Apesar dos avanços, o estudo ainda não foi concluído. Segundo o pesquisador e coautor Rafael Farias, em entrevista ao jornal O Povo, a equipe da UFPA segue investigando como fatores como a qualidade da água, o ambiente e seus níveis de degradação influenciam o comportamento reprodutivo da espécie.
Uma coisa é certa: para o tetra splash, o mar — ou melhor, o rio — está para peixe, mas um pedaço da terra também.
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